Amor versus Fidelidade





Outro dia, minha sobrinha recebeu uma mensagem pelo celular de uma organização que se denominava Second Love.  O texto dizia que se ela estivesse interessada em arranjar um “segundo amor” para apimentar a v ida, era só elaborar um perfil, enviar e eles cruzariam as informações no banco de dados para ver qual dos homens e/ou mulheres mais se ajustavam ao seu gosto pessoal. Não levei o caso muito a sério, porque achei que era piada de mau gosto ou coisa de quem não tem o que fazer.

Hoje recebo um e-mail encaminhado, explicando por A+B que ter um amante faz bem à saúde, diverte e aumenta a vontade de viver das pessoas. Não era conversa de leigo não, eram declarações de psicólogos e médicos. Fiquei espantada com tudo que li principalmente pela naturalidade como o assunto foi tratado. Parecia que ter um caso fora de uma relação estável, era algo tão simples como ir até a padaria da esquina comprar um pacote de biscoito.
Que a infidelidade sempre existiu isso é fato, e já serviu de matéria prima para obras literárias famosas como Madame Bovary e D. Casmurro, só para citar dois grandes títulos da literatura universal. Em contrapartida, sempre que é abordada seja na vida real ou na ficção, ela vem associada a um sofrimento profundo. Quem é traído/a desce ao verdadeiro inferno de Dante, com ganas de matar e morrer.
Não bastasse todo tipo de loucura que vemos no mundo de hoje, toda espécie de violência, agora se alardeia traição como panaceia para quem acha que a vida está sem graça, tediosa. Portanto, caso você esteja pê da vida e queira colocar pra fora sua insatisfação, entre em contato com o Second Love e arranje um/uma amante. Saiba, porém, que estará vendendo sua alma ao diabo, pois terá que aguentar o tsunami que virá quando sua cara metade descobrir a pulada de cerca.
Na crônica dominical “E o mundo velho acabou”, Aninha Franco escreveu que “o mundo velho é amor e sexo. O novo é sexo e amor”. Feliz é ela que sabe distinguir mundo velho e mundo novo. Eu já não sei de mais nada e confesso que de certas “descobertas científicas” prefiro não tomar conhecimento, principalmente quando estas tentam macular o que de mais bonito existe no ser humano que é a capacidade de amar. E amar, para mim, é jamais magoar o ser amado.

Entre pães, manteiga e arame





Em dezembro de 2010 começou a Primavera Árabe marcada por manifestações e protestos numa onda revolucionária em mais de dez países. Governos ditatoriais têm caído, outros estão na iminência de uma queda e assim no lado de lá do mundo as coisas vão mudando em meio a muita luta.

Nesse lado de cá, a primavera começa sem revoluções, mas com quedas. O couvert, por exemplo, caiu feio em São Paulo. Por lei, doravante está proibido naquele estado a cobrança do couvert. Se vai cair em outros estados aí já são outros quinhentos, mas tomara que sim! É um absurdo pagar por uns pedacinhos de pão ou um punhado de torradinhas besuntados de manteiga ou margarina que muitos restaurantes “oferecem” antes da refeição principal. Se for pra desembolsar meu suado dinheirinho com isso, dispenso. Pão com manteiga ou margarina eu como em casa todo dia.

Outra queda – essa realmente chocante e absurda – foi a do bonde de Santa Teresa provocando a morte de seis pessoas e ferindo mais de cinquenta. Onde já se viu amarrar peças com arame no lugar de parafusos e porcas?! Vinte e três falhas foram apontadas pela perícia dentre elas ausência de freio, estopa usada em lugar de tampa na caixa de lubrificação, peças feitas artesanalmente, água misturada ao óleo, enfim. E olha que o Estado do Rio de Janeiro é o responsável pelo bonde... O secretário de transportes anda tentando se explicar, mas até agora não disse coisa com coisa.

Eu ando morrendo de medo da Copa e das Olimpíadas... Já pensou se acontece uma coisa séria como a de Santa Teresa? Vai que resolvem amarrar alguma arquibancada com arame e a tragédia estará instalada. Já vejo as manchetes pelo mundo afora: “Arame de má qualidade foi usado na amarração de arquibancada que desabou”. “Ministro do Desporto explica tragédia: ‘O projeto era seguro, o arame é que não prestava!”.  Acho que vou comer pão com manteiga ou torrada com margarina, de quebra tomo um copo com água pra não engolir a seco... Tudo sem pagar o tal do couvert. Depois corro pra pegar o bonde, não o de Santa Teresa, Deus me livre! Mas o bonde da História, da Primavera Árabe.


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