Em tempo

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Quando a tarde caiu como uma manta dourada encobrindo a cidade, senti meu coração encoberto também por uma calma estranha, que foi tomando conta dos meus pensamentos. Fechei os olhos vagarosamente com medo de perder os últimos reflexos do dia que ia saindo de cena. De longe vinha o som abafado de uma melodia antiga que me transportava a outra época.

Ultimamente dera para escarafuchar o passado. Volta e meia pegava-me repetindo: “No meu tempo...”... Mas será que haverá de fato um “no meu tempo”? É engraçado como usamos essa expressão para mostrar coisas comuns nos dias de hoje e que eram muito diferentes há 20, 40 anos. E fazemos isso, geralmente, cheios de uma empáfia como se no tal tempo lá tudo fosse muito correto e nada acontecesse fora dos padrões sociais aceitáveis. Na verdade, naquela ocasião eu ouvia essa mesma expressão das pessoas mais velhas.

Pensando sobre isso entendi que cada dia é um tempo único, especial sem a mínima chance de repetição. Posso amanhã pegar o mesmo transporte para ir ao trabalho, mas as pessoas naquele ônibus, ou metrô serão outras. Executarei as mesmas tarefas no serviço, mas o clima terá mudado, o meu humor será diferente, os odores não serão idênticos. Jamais haverá um dia exatamente igual ao de ontem, portanto cada hoje será o “no meu tempo” de amanhã. Ou melhor, não existe “no meu tempo”, porque o tempo não tem senhores, ele se desenha e redesenha sem que seja necessária a nossa ação direta e a ele nós pertencemos. Somos viajantes de um tempo cuja irrevogabilidade é a única certeza absoluta.

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