Em tardes mornas
de primavera eu deitava na grama olhando o céu.
Fechava os olhos e imaginava um mar safira com espumas brancas, onde
pequeno barco com vela carmim balançava ao sabor do vento e da água. Dentro, apenas eu sentada com os olhos mergulhados naquela imensidão azul. O único ruído
era o murmurar de pequenas ondas no casco da embarcação. O mundo inteiro se
resumia ao que os meus olhos alcançavam. Sem passado e sem futuro o tempo era
aquele. A ampulheta parava, os relógios congelavam seus ponteiros, a vida
estava suspensa naquele instante mágico. Dores e temores, medos e ansiedades
tudo sumira no abissal abismo do oceano. Uma doce paz ocupando todos os espaços,
enchia corpo e alma de uma gostosura cálida, crescendo até explodir num êxtase
de pura felicidade.
Abrindo os
olhos, ancorava meu barco de sonhos num porto imaginário, recolhia a vela e
esvaziava o mar. Ficavam guardados para momentos de sonhos e devaneios em
outras tardes primaveris. Durante meu tempo de menina fui marinheira de muitas
viagens e desbravei oceanos mundo afora. Hoje meu mar é uma página branca que
preencho de palavras, tal como pequenas embarcações que carregam sonhos,
sentimentos, dores, amores, esperanças. Sou maruja da escrita, navego no
universo da palavra e em minhas viagens vou deixando um rastro de sentimentos
que ondulam no mar da vida.
1 comentários:
Sabe... ao ler seu texto, não sei se viajo no seu imaginário ou se sinto o mar e tudo que me possa tocar... muito bom mesmo!! Um prazer estar aqui viu espero por você no Alma!
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