Um sentimento diferente, talvez inusitado, envolvia aquele lugar. Meio inexplicável... Era possível sentir como lâmina fina que suavemente roça a pele, mas não a corta. No ar um cálido perfume, daqueles que aspiramos com tanto prazer que prendemos a respiração para retê-lo um pouco dentro de nós. Uma luz diferente, tênue, mas bela, de uma beleza quase irreal.
Era como se estivesse num lugar de sonhos, como aqueles que aparecem em contos de fadas. Fechei os olhos e senti como se esvoaçasse, tal borboleta que levemente pousa de flor em flor. Uma onda de felicidade começou a tomar conta do meu coração aquecendo-o.
De onde vinham todas essas sensações? Que mistério havia ali que despertava os sentidos daquela forma tão arrebatadora? Estaria sonhando? Tive medo de abrir os olhos e descobrir que nada daquilo era real. Entretanto era necessário descobrir o porquê daquele doce mistério.
Lentamente, olhei ao meu redor e descobri a origem de tudo aquilo. Havia um pequeno canteiro de rosas amarelas, algumas ainda em botões, outras já abertas exuberantemente belas. Pequenas gotas de orvalho ainda brilhavam nas pétalas e nas folhas. Naquele recanto ali quase escondido a vida estava começando e anunciava que era tempo de abrirmos o coração para a alegria, a esperança, o amor, a renovação. O inverno poderia ter sido longo, cinzento, frio, triste, mas a primavera, enfim, havia chegado...