Gosto de escrever ouvindo música. Parece que a música faz vibrar uma região do meu cérebro e as palavras fluem com mais facilidade. Ouvindo Claire de Lune, de Chopin meu espírito vaga e abstraio-me totalmente desse mundo físico. Dou-me conta apenas das letras que vão adquirindo forma, virando palavras.
Existe uma transcendentalidade na criação de um texto. Os limites a vencer nessa tênue linha que separa pensamento — abstração pura — e palavra escrita são fascinantes. Gosto de parir frases e depois ficar lendo tudo com certo orgulho mal disfarçado. Fico a lamber a cria num deleite por ver que sou capaz de juntar meia dúzia de termos carregados de sentido.
Claro que não há aqui nenhuma pretensão de colocar-me no panteão dos escritores. Não. Prefiro pensar em mim como fiandeira das palavras, que tecendo textos produz algo que alimenta a alma.
O poder da palavra me fascina! Às vezes coleante como uma serpente, ela vem enroscar-se na ponta da língua, pronta a dar o bote fatal: é a palavra que magoa, fere, faz sangrar. Outras vezes, chega disfarçada, é bonita, elogiosa, mas traça a maldade, enreda a quem ouve numa teia de mal-entendidos.
Entretanto, Gosto de pensar no lado belo da língua. A língua de Pessoa, que foi Alberto, Ricardo e Álvaro cada um fazendo uso da palavra a seu modo. Ou na língua de Guimarães Rosa, rica em neologismos.
As palavras devem ser mel em nossa boca. Devem servir para edificar, agradar. Mesmo quando é necessário dizer a verdade — e a verdade sempre dói — devemos depois soprar a ferida deixada usando de doçuras como: amo você, quero seu bem, estarei sempre ao seu lado, sou sua(seu) amigo(a).
Deixo, pois, um pouco de açúcar para você que lê esta mensagem:
Que o seu futuro seja glorioso
Que o passado tenha servido
Para fortalecer o presente
E que o presente seja a porta
De acesso para o sucesso.
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