Como barco perdido em meio ao oceano, meus pensamentos vagueiam numa mistura absurda de sentidos e falta deles. Por mais que queira coordenar o caos que se instalou em mim, minha vontade permanece estática. Falta-me força para organizar o meu eu partido em pedacinhos mil. É necessário juntar todos os cacos, não me permito abrir mão de nenhum deles, pois são partes deste quebra-cabeça que sou eu.
Passei a noite vagando na aridez de uma vida tantas vezes recomeçada, tentando encontrar a quietação necessária para conciliar o sono. Insone varei a madrugada úmida e vi os primeiros raios de sol clareando o dia. Uma névoa suave erguia-se do mar em direção ao céu e da minha janela vi pequenos barcos oscilando suavemente nas águas ainda noturnas. Vê-los era como enxergar-me balouçando nas ondas de uma solidão pegajosa, densa, sufocante.
Não me preocupa saber que há um fim para tudo. Essa certeza de finitude, aliás, é a única que tenho. Perturbar-me não encontrar respostas para minhas dúvidas e esta sensação de que deixei escapar aquele momento exato e único em que tudo é esclarecido. Cheguei ao clímax, mas perdi o desfecho de minha própria história. Sou personagem de um enredo cujo mistério me mantém suspensa desde que nasci. Desconheço-me.
1 comentários:
Un texto hermoso, tienes un bello espacio.
buen fin de semana.
un abrazo.
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